08/03/2014

Dia internacional da mulher e eu

Talvez por hoje ser comemorado o dia internacional da mulher, talvez por alguns não entenderem o que esse dia represente, talvez por eu me pegar tendo pensamentos carentes e sendo frágil em tantos momentos e saber que o dia de hoje nada tem de comercial e se trata de uma lembrança da força feminina e da desvalorização enquanto seres humanos que nós mulheres já sofremos, talvez por essas coisinhas eu tenha resolvido a escrever aqui...

Talvez eu tenha me sentindo traindo aquelas mulheres que lutaram tanto para eu ter direito ao voto e com isso ter o poder de escolher quem irá me representar. Mulheres que morreram queimadas lutando pela qualidade de vida no trabalho. Mulheres que queimaram seus sutiãs por uma sociedade mais justa. Mulheres que lutam pelo direito de serem Anittas, Carla Peres, Mulher Melancia e mostrarem seus corpos quase nus sem querer dizer que os “machos” possuem qualquer tipo de direito sobre estes. Me sinto traindo todas essas mulheres que lutaram pelo direito de eu ser solteira toda vez que permito que minha carência tome conta de minhas decisões.

Me trai algumas vezes, quando encanei nas relações, quando procurei fórmula mágica de manter um relacionamento, quando me senti ignorada e ainda assim valorizei a existência do outro.

Trai todas as conquistas quando prendi meu pensamento em entender a lógica masculina, quando me permiti crer que havia sentimento mútuo e no instante seguinte me foi demonstrado indiferença e ainda assim segui focando meu tempo nessa pessoa. Quando Idealizei, deixei o tempo passar, acreditei que algo estava indo para um rumo quando na verdade o destino era outro. Estar com alguém para tirar “outro” da cabeça, quase como prêmio de consolação. Trai tudo quando foquei em estar com alguém.

Me trai quando fui permissiva ao ter negado o meu direito de sentir-me protegida, não me refiro a proteção contra perigos externos, mas protegida contra pessoas que agridem meus sentimentos. Quando mesmo sem ter escolha mantive a esperança.

Trai tudo quando lamentei o tempo que perdido acreditando que aquele homem seria diferente. Quando me fechei para o mundo.

Talvez por ser o dia internacional das mulheres eu tenha percebido o quanto fico me desgastando com relações baseadas na futilidade e na carência. E tenha percebido que o ontem é passado e não pode ser mudado, mas que hoje posso mudar o meu futuro.

Percebi que tive mais do mesmo. Foi perturbador ver que o diferente era igual. Péssimo pensar que não existe o cara certo que todos apenas esperam pelo momento de serem os babacas da vez. Criar expectativas é apenas questão de tempo para que outro cause decepção.

Me prendi em relações idealizadas. Deveria ter saído dessa armadilha enquanto a lembrança ainda poderia ser positiva, me preservando de eventuais machucados.

Brinquei de namorar, de casar. Tudo por gostar da companhia do outro, mas fui covarde e mesmo sabendo que não amava nem era amada, ainda me mantive ali como cachorro dando a cabeça em troca de carinho.

Não tenho que gostar de alguém mais do que a mim. Não tenho que querer estar com alguém, tenho que gostar da minha companhia. Não posso permitir a imposição da sociedade de que só somos felizes em pares. Isso é sentimento de solidão.

Vivi o momento, mas quando deixarei o futuro entrar em minha vida? Perdi tempo com mentiras que contei para mim e bloqueie quem merece minha atenção de se aproximar.

E aí no dia internacional da mulher e de pensamentos confusos chego a constatação de que não quero mais ninguém, me sou suficiente. Não vou mais perder meu tempo com ninguém além de mim.

Meu tempo é o agora e nunca mais vai voltar. Então não vou me dar a outra pessoa, não vou deixar entrarem em meu cotidiano enquanto for fingimento ao invés de ser especial. Não quero conto de fadas, quero algo real. Não quero fingir um compromisso, quando no fundo ambos sabem que não é isso. Não quero suprir carências, quero troca justa.

O botão de desliga está na minha mente, quando tornar lúdico o quero para minha vida, aí a pessoa certa vai aparecer. Sem buscas. Sem jogos.

Felicidade e amor são opções de vidas, não são bônus, prêmio por bom comportamento ou algo do gênero. 

Relações baseadas em carência apenas aproximam mais pessoas carentes e confusas e aumentam o meu vazio. Chega disso para mim. Chega de me enganar.

Eu quero e preciso acreditar no amor. A pessoa certa para mim pode ser você ou pode ser simplesmente eu sem mais ninguém.

Meu dia será feliz, independentemente de ser hoje 8 de março ou 15 de junho. Posso viver como eu julgar ser melhor, pensar e fazer o que eu quiser, graças as lutas que algumas mulheres travaram. Estas mulheres, assim como eu, não merecem minha traição.